Autores
Fonseca, T.C.; Bandel, G.; Dornelas, M.C.
Resumo
Até o presente, a literatura tem descrito a amoreira (Morus alba L.) como uma planta unisexuada (ou dióica, tendo os sexos masculino e feminino em plantas separadas). Dentro do programa de melhoramento genético da amoreira realizado pelo IZ-SAA, uma hibridação entre clones da var. Formosa (feminina) e da var. Catânia Paulista (masculina) produziu, dentro de sua progênie, uma planta monóica. O presente trabalho objetivou a caracterização morfo-anatômica e molecular deste híbrido, que foi multiplicado vegetativamente e recebeu o nome de IZ56/4. Esta caracterização foi realizada pela análise por microscopia eletrônica de varredura (MEV, 5-20KV, ZEISS DSM 940 A e LEO 435 VP) e microscopia óptica de amostras de inflorescências das três variedades mencionadas acima em diferentes estágios de desenvolvimento, fixadas em paraformaldeído (4%, 24-72h) e desidratadas em série etílica. Para a MEV, as amostras foram secas em ponto crítico, montadas em suportes metálicos e cobertas com ouro coloidal. Para a microscopia óptica, as amostras foram emblocadas em historesina (Leica), seccionadas em micrótomo rotativo (3-5mm) e coradas com azul de toluidina (0,5% em tampão fosfato). Observou-se que na var. Formosa, primórdios de estames raramente são formados (<<1%), entretanto na var. Catânia Paulista, os primórdios do gineceu são sempre formados, sendo que o desenvolvimento dos mesmos é abortado no momento de iniciação dos primórdios dos óvulos. No clone IZ56/4, observou-se a formação de 3 tipos florais: flores díclinas (femininas, sem iniciação dos primódios dos estames; masculinas, com aborto do gineceu nos estágios iniciais do desenvolvimento) e flores monóclinas, com o desenvolvimento de anteras contendo grãos de pólen, e gineceu contendo um óvulo. A análise da expressão de genes envolvidos com a diferenciação dos órgãos florais, via hibridização in situ, está sendo realizada para se estudar o controle genético da formação das flores monóclinas em IZ56/4. A obtenção de plantas de amoreira monóicas com flores funcionais permitirá a obtenção de linhagens endogâmicas ampliando as possibilidades de melhoramento genético da espécie.
53 Congresso Nacional de Botânica – SBB - Recife, PE, Brasil – 21 a 26/07/2002