O
Instituto de Zootecnia (IZ) receberá investimento do Governo do Estado de São
Paulo de R$ 10,7 milhões para desenvolver pesquisa em três áreas estratégicas –
produção sustentável de carne, produção sustentável de leite, e sistemas
integrados de produção agropecuária.
O
órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento está entre as 10
Instituições de pesquisa de São Paulo contempladas pela Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), por meio do Plano de Desenvolvimento Institucional
de Pesquisa (PDIP-IZ), relacionado ao Edital de
Modernização dos Institutos de Pesquisa do Estado de São Paulo.
Para
a diretora do IZ, pesquisadora Renata Branco Arnandes, os recursos liberados
são de suma relevância para o desenvolvimento das áreas estratégicas de
pesquisa do IZ, a aplicação dos investimentos irá potencializar as ações de
pesquisas já em andamento. “Com os investimentos propostos será possível
ampliar a competitividade da economia paulista no foco produção de carne e
leite de qualidade e sistemas integrados de produção, avançar em direção à
economia do conhecimento e ao desenvolvimento tecnológico, formar pessoal
qualificado, fomentar a pesquisa e a inovação e integrar as atividades de
pesquisa com as necessidades da economia e da sociedade”, afirmou.
Renata
destacou que as pesquisas desenvolvidas nos Institutos Estaduais de Pesquisa do
Estado de São Paulo têm por característica serem de longo prazo,
constituindo-se em Programas Institucionais de pesquisa. “Nossas pesquisas
fornecem pacotes tecnológicos completos, material genético de alto valor
produtivo e econômico, além dos resultados de pesquisa pontuais para o avanço
do conhecimento, criando novas cooperações científicas e tecnológicas com
instituições de pesquisa de referência.”
Com
a implantação do PDIP-IZ, Renata disse que buscarão solucionar o grande
problema da pecuária brasileira e mundial, satisfazendo as necessidades da
população mundial quanto à quantidade de carne e as necessidades dos
consumidores quanto à qualidade da carne. “Mantendo a rentabilidade da
produção, diminuindo impactos ambientais, minimizando o uso de recursos
naturais, e, consequentemente, melhorando a eficiência da produção de carne.”
A execução
do PDIP-IZ está alinhada à missão institucional, possibilitando atender aos
programas estratégicos da Secretaria de Agricultura e às políticas públicas do
Estado de São Paulo, com foco na geração e transferência de tecnologias para o
setor produtivo.
Áreas estratégicas
Em
produção sustentável de carne, o objetivo é expandir a capacidade de pesquisa e
geração de tecnologia em produção de carne, intensificando as pesquisa nas
linhas de avaliação de alimentos para ruminantes, avaliação quantitativa e
qualitativa da carcaça, andrologia animal, comportamento e bem-estar animal, sanidade,
eficiência alimentar, estratégias de mitigação de metano entérico, genômica e melhoramento
genético de bovinos de corte e de ovinos. Tudo focado nos três grupos de pesquisa
do CNPq, coordenados e certificados pelo IZ e APTA Alta Mogiana: Seleção para
Aumento da Produtividade em Bovinos de Corte (desde 2004), Produção Sustentável
de Ovinos e Caprinos (desde 2004), e Pecuária Intensiva - Modelo de Produção
Boi 777 (desde 2016).
Segundo a diretora do IZ, o recurso
possibilitará o aumento da difusão de tecnologias para o setor de carnes.
“Iremos expandir a disponibilidade de animais geneticamente superiores em
características de importância econômica – resultados do Programa de
Melhoramento das Raças Zebuínas e Caracu do IZ –, assim como a intensificação
da transferência das tecnologias geradas pela APTA Alta Mogiana, onde o
conjunto de pesquisas em nutrição e produção intensiva a pasto gerou o conhecido
conceito do “Boi 777”, que teve o pedido de registro junto ao Instituto
Nacional de Propriedade Industrial, deferido em junho de 2017”, detalhou.
Em
Produção Sustentável de Leite, a finalidade é intensificar as pesquisas
científicas voltadas ao desenvolvimento de mecanismos adaptativos frente às
mudanças climáticas, por meio do uso eficiente dos recursos naturais,
diversidade genética e manejo.
De
acordo com o pesquisador Aníbal Eugênio Vercesi Filho, a produção está
fundamentada nos pilares resiliência, qualidade do leite, ambiência e
bem-estar, e reprodução baseada em biotecnias reprodutivas, dentre elas a
inseminação artificial em tempo fixo, a transferência de embriões em tempo fixo,
as produções de embriões in vivo e in vitro, que “são focos dos Grupos de
Pesquisa do CNPq, coordenados e certificados pelo IZ, como Sustentabilidade na
Produção de Bovinos Leiteiros e Melhoramento Genético”.
As
pesquisas em andamento envolvem avaliação e aprimoramento de sistemas de
criação de bezerros, devendo servir como modelo para produtores rurais e
empresas; avaliação de sistemas de produção leiteira, com destaque para o Compost Barn –um sistema alternativo aos
de confinamento para gado leiteiro, praticamente sem estudos científicos
realizados no país, envolvendo manejo, bem-estar e tratamento de dejetos;
melhoramento genético animal, envolvendo projetos de seleção e cruzamentos com
foco em produção de proteína, resistência à mastite e longevidade; formação de
rebanho com animais homozigotos para o alelo A2 da beta caseína;
sanidade e qualidade de leite, atuando na monitoração de propriedades leiteiras
do Estado de São Paulo, em parceria com a Defesa Agropecuária e a Coordenadoria
de Assistência Técnica Integral (CATI); e controle de contaminantes ambientais
e resíduos de medicamentos, com foco na melhoria da produção e qualidade do
produto final.
Além
disso, por meio de biotécnicas reprodutivas empregadas no Centro de Pesquisa em
Bovinos de Leite do IZ e na UPD de Registro e nas propriedades parceiras,
objetiva-se acelerar o melhoramento genético, disponibilizar tecnologia para os
meios acadêmicos e produtivos, e fornecer aos produtores de leite do estado de
São Paulo animais com alto valor genético e baixo custo. O IZ torna-se uma
fonte de genética leiteira, principalmente, para os pequenos produtores,
auxiliando no aumento de renda, agregando valor ao produto final.
Na
área de sistemas integrados de produção o foco está em implantar arranjos
produtivos para explorar sinergismos e propriedades emergentes nos
compartimentos solo, plantas, animais e ambiente, demonstrando viabilidade
técnica e econômica.
Segundo
a pesquisadora Luciana Gerdes, os sistemas integrados começaram a ser alvo de
pesquisas, sob a hipótese de que seriam a alternativa eficiente e sustentável
para a produção vegetal e animal. “O uso desses sistemas permite a produção de
alimentos de origem animal e vegetal, em mesma área e em único ano agrícola, tendo
como benefícios as melhorias físicas, químicas e biológicas do solo, a
intensificação da produtividade vegetal e animal, a mitigação de gases de
efeito estufa, a racionalização do uso de defensivos e fertilizantes, além de
possíveis vantagens econômicas, pautadas na diversificação de renda e no menor
risco de flutuações de mercado”, detalhou.
Os trabalhos estão caracterizados em
quatro grupos de Pesquisa do CNPq, também coordenados e certificados pelo IZ:
Produção Animal em Sistemas Integrados (desde 2014), Pastagem e Forragicultura
(desde 2012), Controle Sustentável de Parasitos em Ruminantes (desde 2014) e
Produção Sustentável de Ovinos e Caprinos (desde 2013).
Os
grupos incluem as linhas de pesquisa sobre avaliação da morfofisiologia de
gramíneas e leguminosas forrageiras tropicais, avaliação de sistemas de
integração agrosilvipastoril, sistemas integrados de produção agropecuária,
emissão e absorção de gases em sistemas agropecuários, melhoramento genético e
biotecnologia de plantas forrageiras, manejo de pastagens, comportamento e bem
estar animal, avaliação de ovinos em sistemas tropicais de produção, e controle
sustentável de ectoparasitas e helmintos de ruminantes.
Segundo o
secretário da Agricultura, Arnaldo Jardim, São Paulo é o Estado que mais
investe em pesquisa no Brasil e tem mantido investimentos no segmento
agropecuário, representando um salto de qualidade para o desenvolvimento
científico e tecnológico paulista. “Os recursos da Fapesp irão colaborar para o
desenvolvimento do IZ, diante da modernização da infraestrutura para as
pesquisas”, ressaltou.
PDIP
Os
seis institutos e as unidades regionais de pesquisa que compõem a Agência
Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento, entregaram os Planos de Desenvolvimento Institucional em
Pesquisa para a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
As propostas respondem ao edital de R$ 120 milhões exclusivo para os 20
institutos estaduais de pesquisa. Na Secretaria de Agricultura, os recursos
beneficiarão além do IZ, os institutos Agronômico (IAC), Biológico (IB), de
Tecnologia de Alimentos (Ital), vinculados a Agência Paulista de Tecnologia dos
Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura.
As
propostas enviadas pelos institutos ligados à APTA contemplam as áreas
estratégicas para as instituições. Os recursos financiados pela Fapesp
destinam-se exclusivamente a apoiar atividades de pesquisa nas modalidades de
Infraestrutura Institucional para Pesquisa, Bolsas no País e no Exterior,
Auxílios à Pesquisa Jovens Pesquisadores, e Auxílios Pesquisador Visitante.
Segundo
coordenador da APTA, Orlando Melo de Castro, o recurso poderá ser empregado
pelas Instituições de Pesquisa pelos próximos três anos. “Esperamos que essa
nova modalidade de recurso oriundo da Fapesp tenha muito êxito e possa tornar-se
instrumento de apoio aos Institutos de pesquisa do Estado”, afirmou.
Os planos
estão atrelados às quatro dimensões sugeridas no edital – capacidade de criar
novos conhecimentos, acessar conhecimento do exterior, interagir com
instituições referências na área, principalmente internacionais, e criar
capacidade de inovação em diversas dimensões.
Por
Lisley Silvério